Devemos refletir sobre o que ouvimos para não nos tornarmos vítimas dos nossos próprios equívocos.
"Diante do Abismo" é sim um termo muito forte e pode significar muitas coisas. Existe no repertório para sopros e percussão uma peça que leva esse nome, porém, o texto musical nada tem a ver com estado caótico que inspira o título - segundo o compositor tem a ver com o momento e o objetivo da obra que acabava de lhe haver sido encomendada. Um importante organismo musical brasileiro, mas precisamente de São Paulo, o incumbiu de compor uma obra que funcionasse como uma espécie de trilha sonora para visitação da sala de exposições mais importante da Pinacoteca do Estado de São Paulo. A responsabilidade era tão grande, mas tão grande, que o compositor, diante de enorme desafio, suspirou: "estou Diante do Abismo!". Meses depois de muito trabalho para conceber a obra, orquestrá-la e revisá-la, se deu conta, prestes a ter que entregar a partitura, que ainda não tinha um título para a peça musical. Pensou, pensou, buscou, buscou e novamente suspirou: "estou Diante do Abismo!", porém, ao exclamar isso novamente, pareceu-lhe haver encontrado a solução: a obra deveria chamar-se "Diante do Abismo". Conclusão: sem essa explicação, o ouvinte poderá ser conduzido a uma audição equivocada do verdadeiro sentido da obra. Por isso, devemos refletir muitíssimo sobre tudo o que ouvimos para não nos tornamos vítimas dos nossos próprios equívocos.
por Maestro Roberto Farias, 06/2009
Grande verdade maestro!