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Foto do escritorMaestro Roberto Farias

A Banda Sinfônica do Estado de São Paulo - Parte 2

Continuação do pequeno relato histórico que se refere única e exclusivamente ao período de 1989 a 2000, em que o Maestro Roberto Farias foi diretor artístico e regente titular, responsável pelo projeto de profissionalização da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo.

O organismo banda sinfônica, com sua ampla instrumentação, vem despertando cada vez mais o interesse de compositores consagrados na participação em seu desenvolvimento. Ainda, no final do século XIX, o compositor francês Hector Berlioz dedicou uma obra monumental a essa formação instrumental. Trata-se da Grande Sinfonia Fúnebre e Triunfal, que reúne um efetivo instrumental de sopros e percussão de grandes proporções, onde os instrumentos de cordas, predominantes na formação de orquestra sinfônica, aparecem como opcionais. Felix Mendelssohn, entre outras obras, já havia contribuído com sua Overture for Winds, opus 24 (Abertura para Sopros. Opus 24). No século XX, o compositor inglês Gustav Holst comparece com suas duas suítes, a First Suíte in E flat for Military Band e Second Suíte in F for Military Band e a célebre Hammersmith; Arnold Schoenberg (considerado o “pai” do dodecafonismo) com Theme and Variations, opus 43a (o opus 43b é para orquestra sinfônica, tal o sucesso da obra); Paul Hindemith com sua Sinfonia em Si Bemol; Igor Stravinsky com Symphonies of Winds Instruments (Sinfonias de Instrumentos de Sopro), obra dedicada a memória de Claude Debussy e Concerto para Piano e Orquestra de Sopros.


Muito embora inspirada em modelos de bandas sinfônicas consagradas no cenário musical internacional, como American Wind Symphony, Eastman Wind Ensemble, Tokyo Kosei Wind Orchestra e Dallas Wind Ensemble e Royal Conservatory de Amsterdan, o Projeto Banda Sinfônica do Estado de São Paulo pretende consolidar-se um modelo genuíno de banda sinfônica, apto a atender o mais alto nível de exigência artística imposta pelo repertório universal, bem como, constituir-se em autêntico instrumento de expressão sonora capaz de potencializar a riqueza e diversidade sugerida pela cultura musical brasileira, num cenário natural de rara beleza.


A Banda Sinfônica do Estado de São Paulo em sua proposta de profissionalização, muito antes de representar a possibilidade de abertura de um novo mercado de trabalho para músicos profissionais ou em fase de profissionalização, tem como principal meta a manutenção de um Projeto Permanente de Fomento à Criação Musical Brasileira por meio da encomenda de obras originais para banda sinfônica a mais renomados compositores brasileiros, cuja consecução deu origem ao surgimento de dezenas de novas obras, com grande repercussão no cenário musical brasileiro e latinoamericano, que, somado às iniciativas de outras instituições no aparecimento de um total de quase 300 (trezentas) obras, num período de 20 anos (1990 a 2010).


O surgimento da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo como organismo profissional, vem seguido de uma ação estratégica que resultou na conseqüente ampliação do mercado de trabalho, uma vez que, funcionando em horário similar ao adotado pelas principais orquestras profissionais, acabou por criar uma nova geração de músicos profissionais do país e de excelente nível artístico, diminuindo de forma substancial a existência de músicos em comum por diversos organismos, o que notadamente impunham limitações a programação artística de cada um desses grupos.


Sua fidelidade e eficiência na proposta de difusão do repertório original para sopros e percussão atraiu o interesse da comunidade bandística internacional, cujo reconhecimento se vê consolidado com a escolha da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo para participar, como única representante latinoamericana da 8ª. Conferência Mundial de Bandas Sinfônicas, auspiciada pela Wasbe – World Association for Symphonic Bands, em julho de 1997, na Áustria, cujo êxito lhe garantiu figurar entre as 14 (quatorze) bandas sinfônicas de todo o mundo selecionadas para a 9ª. Conferência realizada em 1999, na Califórnia – Estados Unidos.


O projeto de profissionalização da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, ao ser implantado, em novembro de 1989, foi submetido a algumas alterações, entendidas na época como provisórias, sobretudo no que tange ao modelo de contratação e remuneração da direção artística, músicos e equipe técnica. Sua oficialização se vê consolidada com o advento da Universidade Livre de Música, criada pelo Decreto n. 30551, de 04 de outubro de 1989, onde a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo figura como um dos corpos profissionais, ao lado da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e da Orquestra Jazz-Sinfônica.


O ingresso dos músicos se deu mediante a realização de rigoroso Processo Seletivo, convocado por Edital Oficial, realizado nas duas primeiras semanas do mês de agosto de 1989, que contou com uma Banca Examinadora dirigida pelo Maestro Roberto Farias, designado diretor artístico e regente titular e integrada por mais 12 (doze) professores especializados na área de instrumentos de sopro e percussão, agregando-se piano e contrabaixo, em sua maioria chefes de naipe da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e outros da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo.


O efetivo instrumental proposto para a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, em seu processo de profissionalização, era de 85 (oitenta e cinco) músicos, assim distribuidos: 2 piccolos, 8 flautas, 2 oboes, 1 corne-inglês, 1 requinta, 16 clarinetes, 1 clarinetes-alto, 2 clarinetes-baixo, 3 fagotes, 1 contrafagote, 7 saxofones (soprano, alto, tenor e barítono), 6 trompas, 8 trompetes, 4 trombones, 1 trombones-baixo, 3 eufonios, 4 tubas, 5 contrabaixos, 1 piano/celesta/sintetizador, 2 timpanistas e 7 percussionistas.


A carga horária proposta era de 5 (cinco) ensaios semanais, com 3 (três) horas de duração cada (seguindo o padrão internacional) e 3 (três) concertos mensais, porém, dada a necessidade de adequação do Projeto às condições alternativas apresentadas na época, recomendou uma redução da carga horária semanal para 3 (três) ensaios e a média de 2 (dois) concertos mensais, até um limite de 16 (dezesseis) atividades por mês, entre ensaios e apresentações, ocasião em que também entra em funcionamento a Orquestra Jazz-Sinfônica do Estado de São Paulo.


Da fase inicial (a primeira década) do Projeto de Incentivo à Criação Musical Brasileira, participaram os seguintes compositores:

  • Ronaldo Miranda – Suíte Tropical;

  • Lelo Nazário – Limite para sons eletrônicos, banda sinfônica e percussão;

  • Mário Ficarelli – Sinfonia para Instrumentos de Sopro;

  • Amaral Vieira – Magnificat para mezzo soprano, coro misto e duas bandas sinfônicas;

  • Luiz Carlos Csekö – Songs of Oblivion n. 4;

  • Harry Crowl – Sinfonia 1990 “Concerto Harmônico”;

  • Amaral Vieira – Fantasia Coral “In Nativitate Domini” para piano obligato, órgão, harpa, mezzo-soprano, coro misto e duas bandas sinfônicas;

  • Roberto Sion – Quadrante “A Rosa dos Ventos” para solista de saxofones e banda sinfônica;

  • Daniel Havens – Festival Overture;

  • Daniel Havens – Harpya, poema ecológico;

  • Achille Picchi – Solfieri, poema sinfônico baseado em “A Noite da Taverna” de Álvares de Azevedo;

  • Edmundo Villani-Côrtes – Sonho Infantil “Rapsódia Brasileira”;

  • Edmundo Villani-Côrtes – “A 3ª. Visão” Concerto para piano e banda sinfônica;

  • Edmundo Villani-Cõrtes – QOM-FUSION Concertante breve para jazz-quinteto e banda sinfônica;

  • Edmundo Villani-Côrtes – FREVATA para quarteto de trombones e banda sinfônica;

  • Daniel Havens – Fantasia para quarteto de trombones e banda sinfônica;

  • Daniel Havens – Concertino para quinteto de sopros e banda sinfônica;

  • Leon Biriotti – Concerto n. 3 para oboé e conjunto de sopros, com piano, celesta, contrabaixos e percussão;

  • Nelson Ayres – Três Episódios Brasileiros para dois clarones e banda sinfônica;

  • Cyro Pereira – Rapsódia Latina;

  • Almeida Prado – Cartas Celestes n. 7 “Constelações Zodiacais” para dois pianos e banda sinfônica;

  • Marlos Nobre – Chacona Amazônica;

  • André Mehmari – Enigmas para contrabaixo solo e banda sinfônica.

Em sua trajetória artística a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo contou, em sua primeira década de existência, com o concurso de ilustres convidados, entre regentes e compositores, dos quais destacam-se:


James Syler (compositor e regente, USA); Frank Battisti (regente e pedagogo, USA); Rafi Primo (regente, Israel); Daniel Schapiro (regente, Argentina); Miguel Pose (regente, Argentina); Steve Grimo (regente, Força Aérea USA); John Bourgeois (regente, Marinha USA); Alfred Reed (compositor e regente, USA); Michael Colgrass (compositor e regente, Canadá); Johan de Meij (compositor e regente, Holanda); Jan Van der Roost (compositor e regente, Bélgica); Laszlo Marósi (regente, Hungria); Frygies Hidas (compositor, Hungria); Lorenzo Della Fonte (compositor e regente, Itália); Vicente Moncho (compositor, Argentina); Leon Biriotti (compositor e regente, Uruguai); Graham Griffiths (regente, Inglaterra); Timothy Reynish (regente, Inglaterra), John Boudler (professor e regente, Inglaterra/Brasil); Aylton Escobar (compositor e regente, Brasil); Gil Jardim (regente, Brasil); Daniel Havens (compositor e regente, USA/Brasil), Edson Beltrami (regente, Brasil), Julio Medaglia (regente, Brasil).


Entre solistas convidados, no mesmo período, destacam-se:


Rodolfo Mederos (bandoneon, Argentina); Leon Biriotti (oboé, Uruguai); Allan Trudel (trombone, Canadá); Diana Allan (soprano, USA); Martha Herr (soprano, USA/Brasil); Achille Picchi (piano, Brasil); Amaral Vieira (pianista e compositor, Brasil); Yara Ferraz (pianista, Brasil); Henri Bok (clarone, Holanda); Toddy Palmer (clarineta, USA); Luiz Garcia (trompa, Brasil/USA); Gary Smart (piano, USA); Marco Antonio de Almeida (piano, Brasil/Alemanha); Trombonismo (quarteto de trombones, Brasil); Quinteto Onze e Meia (jazz-quinteto, Brasil); Charles Schulleuter (trompete, USA); Nailson Simões (trompete, Brasil); Radegundis Feitosa (trombone, Brasil); Maria José Carrasqueira (piano, Brasil); Fábio Luz (piano, Brasil/Itália); Carlos Tarcha (percussão, Brasil/Alemanha); Carmo Bartoloni (percussão, Brasil); Eloísa Baldin (mezzo-soprano, Brasil); Karin Fernandes (piano, Brasil); Cláudio Richerme (piano, Brasil); Amilton Godoy (piano, Brasil); Zimbo Trio (trio piano, baixo e bateria, Brasil).


Leia o texto na íntegra:




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